Liberté, Egalité, Fraternité
Minas Gerais é o estado dos inconformados, insurgentes, nosso maior exemplo de inconformismo é Tiradentes, esse intrépido mineiro ousado que sonhou dar um basta na roubalheira que o poder da época infligia ao povo, tratado com autoritarismo, ganância e falta de respeito, igualzinho ao tempo atual, sem nenhuma diferença.
Contrário porém ao que aconteceu em duas outras nações, Estados Unidos e França daquele tempo e que conseguiram dar um basta na exploração e dominação às quais eram submetidos, os mineiros chafurdaram no fracassado movimento da inconfidência. O plano era estabelecer uma república tornando Minas Gerais independente mas o que aconteceu foi a prisão de todos com o enforcamento e esquartejamento de Tiradentes. Da violência e tristeza do episódio restou a lembrança desse mineiro idealista e infeliz que a cada ano é lembrado e homenageado.
Comparados os fatos da época, a revolução de idéias e ideais de americanos e franceses que conseguiram dar a volta por cima e tornaram suas nações prósperas, ricas e poderosas, os brasileiros (praticamente , mineiros) não lograram o êxito planejado e pior, perderam o rumo. Tínhamos tudo para sermos uma nação poderosíssima, na atualidade.O subsolo com minas riquíssimas, a pujança das águas que fertilizam a terra, a fauna e a flora, sem contar o tamanho da força de trabalho dos brasileiros. O mundo se encanta com o Brasil, nosso presidente é elogiado como o homem mais popular do planeta, seu avião é tão chique quanto aqueles dos homens do petróleo,e a nobreza política se regala na gastança que o povo banca.
Nos giros que o mundo dá os ciclos se alternam e trazem de volta os fatos, os episódios, a história enfim, repaginada e estrelada talvez quem sabe pelos reencarnados do passado. O minério continua explorado como sempre com a diferença de fazer um estrago na natureza, ao invés de ouro, agora levam a madeira das nossas matas (quando não a transformam em carvão),o povo é tratado com descaso e falta de respeito como outrora e trabalha para produzir riquezas mas tem a maior parte dos seus ganhos confiscados pelos absurdos dos impostos que vão bancar a vida nababesca dos que ocupam o poder, e ainda tem que ter paciência em ver e ouvir as mentiras pregadas nas publicidades que buscam vender a imagem dos que não querem deixar o poder.
Pagamos tudo mais caro, por conta do absurdo dos impostos em cascata, o percentual descontado em folha( para a comida do leão)gasolina mais cara, Ipva mais caro, telefonia mais cara, energia elétrica caríssima, escola paga quando a responsabilidade é do governo, saúde? Prá que? Quem quiser que pague, plano de saúde, do governo é para a hora da morte porque na maioria das vezes acaba morrendo mesmo, é ICMS, PIS, COFINS,CPMF,(antes)ISS,IPTU,IR,ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições em geral com efeito cascata de imposto sobre imposto sem contar o abuso do serviço bancário, os juros e ainda por cima a lindeza da diferença de alíquota (tinha que ser mineira) que é o maior assalto ao lucro escasso das vendas de todos os comerciantes.
Pior do que o abuso do imposto é o jeito que ele é cobrado: antecipado, isto é o comerciante tem que pagar o imposto antes de comprar a mercadoria, senão ela fica presa na barreira fiscal. Aí bate aquela indignação quando vemos pelos jornais, pela televisão, as propagandas mentirosas pintando uma situação que sabemos não ser real e o pior: nós pagamos a conta.Pagamos publicidade, passagem, hospedagem, champagnhe, pagamos tudo que a nobreza política gasta e ainda pagamos as festas das comemorações onde um bando de gente recebe a medalha da Inconfidência. Essa medalha tinha que ser chamada de medalha Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da pátria, porque se não fosse ele com certeza não teríamos herdado esse conformismo com a escravidão. Nos livramos da ditadura militar e caímos na ditadura política.
O Brasil precisa de uma revolução à francesa, não para guilhotinar a ‘nobreza” mas para resgatarmos a dignidade de um povo que como os franceses merece: LIBERTÉ, EGALITÉ, FRATERNITÉ. Por favor, não confundam com MST. E viva a France.
Regina Oliveira